O verdadeiro guerreiro não é aquele que nunca cai, e sim aquele que sempre se levanta...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Videogames e violência: muito barulho por nada

O Brasil e o mundo foram atordoados no último dia 7 de abril com o assassinato de 12 crianças em uma escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Como é de costume dos jornalistas brasileiros diante de tais fatos, a busca por culpados foi prontamente iniciada e logo (como é de mais costume ainda) os games entraram em cena como vilões. Mas então, como os games podem influenciar negativamente no comportamento de uma pessoa? O On Games Live foi atrás do que a psicologia e outras ciências do comportamento falam sobre tal assunto e trouxe para você os mais recentes achados.


toygunDito isso, nós podemos começar analisando algumas falácias e besteiras que o povo conta a respeito dos videogames e sua influência no comportamento agressivo de jovens e adolescentes.

Estudos sobre crianças gamers que ficam violentas (Bullshit!)

A maior parte dos estudos que chegaram a essa conclusão tem metodologias duvidosas em relação a:
  1. babygunAmostra – Esses estudos colocam uma população de crianças que jogam videogame para fazer os testes sem considerar alguns aspectos como o de que crianças do sexo masculino são, em geral e naturalmente, mais fisicamente agressivas que as do sexo feminino;
  2. Variáveis Parasitas – Nesses estudos, em geral, não há um controle de outras coisas que podem aumentar a agressividade das crianças, como por exemplo, o medo que é gerado por jogos violentos em algumas delas (medo pode gerar muito mais agressividade do que a simples exposição a violência);
  3. Relação causa e efeito – Esse é um erro muito mais daqueles que leem os estudos do que dos que os fazem. Em nenhum deles é colocada uma relação de tal tipo, games violentos podem estar ligados à agressividade, mas não são sua causa.
Há alguns estudos que apontam essas “falhas” metodológicas. Além disso, de fato, um outro estudo (um dos maiores e melhores do tipo) realizado durante 20 anos com mais de 700 sujeitos no estado de New York, USA, constatou que não havia uma relação significativa entre violência ou delinquência praticada por jovens e a quantidade de tempo que passavam jogando videogame. Curiosamente, existia uma relação maior entre tempo vendo programas variados de TV e delinquência do que quando comparado ao hábito de jogar videogame ou o fato de morar em um ambiente de risco social.

Exposição a violência causa descencibilização a ela (Bullshit!)

Alguns jornalistas devem ser bipolares. Em um momento, mostram um morador de “comunidade carente”, que convive diariamente com a violência, revoltado porque houve mais uma vítima do narcotráfico, em outro, falam que exposição em demasia a experiências violentas causa descencibilização.
chinatown1Os estudos que falam dessa suposta descencibilização costumam medir reações fisiológicas das pessoas que jogam em comparação às que não jogam games, quando frente à violência. Em primeiro lugar não podemos dizer o que uma pessoa sente apenas medindo suas reações fisiológicas (calma pode ser confundida com descencibilização) e em segundo, não se pode fazer o contrário: correlacionar diretamente tais respostas à um real estado de descencibilização, como afirmam os cientistas Tannenbaum e Zillmann.

Crianças que jogam games violentos viram (1) potenciais assassinos, (2) especialistas em armas e (3) problemáticas (triple hit Bullshit!)

O programa de televisão norte americano Penn & Teller: Bullshit realizou um episódio apenas sobre a (não) influência de jogos eletrônicos violentos em crianças (confira o episódio no youtube clicando aqui, e aqui também e a última parte aqui. Admito que chorei no final).
penn & tellerA dupla coloca 3 fatos bastante interessantes sobre os argumentos geralmente utilizados por inimigos dos games:
  1. Games estão ligados a atentados à escolas ou aos jovens – um dos maiores atentados a uma escola nos Estados Unidos (14 mortos e 31 feridos) foi cometido em 1966, 8 anos antes do lançamento do primeiro jogo de tiro em primeira pessoa (o Maze War).
  2. Videogames tornam crianças especialistas em armas – o maior atentado (45 mortos e 58 feridos) a uma escola nem mesmo usou armas de fogo, ele usou explosivos. Os estudos (os sérios, que não continham as deficiências metodológicas mencionados no início desse artigo) mostram que Videogames podem, sim, melhorar a coordenação motora e habilidades de percepção tanto espacial quanto a visomotora, mas ter boas habilidades nisso não torna ninguém um especialista em armas.
  3. Games violentos geram crianças problemáticas que se voltam contra a sociedade – Se alguém se volta contra a sociedade com dois revolvers, um speedloader e muita munição, sim, esse sujeito com certeza tem problemas, independente de ser uma criança, jovem, adulto ou idoso. Privar todos dos benefícios dos Games devido ao despreparo do Estado em dar atenção preventiva à crianças? Bullshit! Além disso, os estudos mostram que não há nenhuma evidência de que pessoas que entrem em escolas atirando tenham alguma relação com videogames. É sério, tem um estudo sobre isso!

Game over para os game haters

kids-playing-video-gamesGostaria aqui de destacar um dado muito interessante: Nos Estados Unidos, se fizermos um gráfico mostrando o número de unidades de consoles de videogame vendidos e cruzarmos com os dados de casos de violência infantojuvenil, veremos que enquanto a primeira cresce cada vez mais, a outra decai de maneira significativa!
Outro aspecto a se levar em conta é a velha história de quem nasceu primeiro: o ovo ou a galinha. Crianças ficam violentas por causa dos games ou os games violentos são mais jogados por crianças com histórico violento?
Existem estudos que demonstram que crianças já com um histórico de agressividade tendem a gostar de jogos violentos. Isso pode ser uma pista para pais e psicólogos sobre o comportamento das crianças. Recomendo o livro Grand Theft Childhood: The Surprising Truth About Violent Video Games and What Parents Can Do sobre os efeitos dos games.
kids-playing-video-games (1)Além desse aspecto de possível sinalizador, será que ainda preciso citar todos os benefícios que os games podem trazer a saúde das pessoas? Tanto na recuperação de lesões motoras e cerebrais quanto na capacitação de médicos?
No mais, gamers, façam um favor a nós mesmos e a nossa saúde mental: informem-se! Não saiam por ai dizendo “game é bom porque é bom” leiam e saibam argumentar contra game haters, saibam os benefícios que os games podem trazer e pesquisem o porquê de projetos de leis como os já aprovados nos USA se baseiam em dados errados ou contraditórios.




fonte: Nintendo Blast

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